Um confronto inesperado, diga-se de passagem. Peru e Venezuela são seleções que historicamente não metem medo nem em uma formiga, mas nitidamente há uma melhora absurda no seu futebol. Pra mim são as zebras do torneio, mas pelo futebol apresentado foi merecido.
Vamos combinar que esse confronto inspira pouca vontade de assistir até no maior apreciador do futebol, mas como é a disputa do 3º lugar da Copa América, algo de interessante deve acontecer no jogo e, de fato, foi o que aconteceu. Vimos um bom futebol por ambas as equipes, ainda que apresentem aquelas clássicas limitações na hora de dar um passe mais primoroso ou dominar uma bola difícil.
O primeiro tempo foi marcado por certo equilíbrio até os 25min, após isso, a Venezuela tomou conta do jogo e chegou a marcar duas vezes com Maldonado, mas nas duas oportunidades foi assinalado impedimento na jogada (numa delas, inexistente, por sinal). Mas como todos sabem, futebol se faz com gols e não com justiça. Num rápido contra-ataque, aos 41min, Chiroque abriu o placar para o Peru. Os venezuelanos foram pra cima, mas o cronômetro não permitiu muitas ações mais e o primeiro tempo estava terminado.
O segundo tempo começou e lá estava a Venezuela pressionando e buscando o empate, ma aos 13min, veio um balde de água fria na reação. Um lance que pode ter mudado o rumo da partida, Rincón dá um carrinho perigoso em Lobatón, passível de cartão amarelo e uma bronca, mas o juizão puxou o vermelho direto. O Peru se reanimou e aos 18min, outra vez em contra-ataque, foi a vez de Guerrero marcar, fuzilando o goleiro Vega e colocando o Peru em situação confortável, 2x0. A Venezuela fez algumas trocas e tentou retomar o ímpeto. Demorou, mas deu certo, após boa trama dos homens de frente, Arango recebeu por entre os zagueiros e tocou com classe no canto para recolocar a equipe na partida aos 33min, 2x1. Daí em diante foi pressão da Vinotinto e contra-ataques peruanos, que por sinal foi mortal aos 45min, novamente com Guerrero, que passou pelo zagueiro com uma meia-lua espetacular e chutou no cantinho, 3x1, decretando a vitória do Peru e assegurando o 3º lugar. Ainda deu tempo para mais um gol do inspiradíssimo camisa 9, aos 47min, em um contra-ataque, pra variar. Ele recebeu livre de marcação e tocou na saída de Vega dando números finais ao jogo. Peru 4x1 Venezuela!
Com o resultado, o Peru conquista o 3º lugar e a medalha de bronze, coisa que não fazia desde 1983. Já a Venezuela, mesmo com a derrota, obteve seu melhor resultado na história da competição e conquistou a inédita, curiosa e cretina medalha de cobre que a Conmebol (que não tem nada pra fazer) inventou. Por favor, né? Quem aqui vai querer uma medalha feita do mesmo material que o encanamento da sua casa?
Vale destacar que as duas equipes são as que mais marcaram gols até agora, 7 da Venezuela e 8 do Peru (desses 8, 5 de Paolo Guerrero, artilheiro até o momento). Apesar do placar elástico, eu diria que o jogo foi marcado por certo equilíbrio, o diferencial foi que o Peru aproveitou praticamente todas as oportunidades criadas. As duas seleções estão de parabéns pela evolução.